Mães

É com muito carinho que escrevo para as mães e para aqueles que assumem a “função materna”.

Atualmente muitos pais, avós e outros assumem esta função, isto é o papel de cuidar, educar, estar disponível para acompanhar aquele ser especial que pode ser um bebê, uma criança, um adolescente. O segundo domingo de Maio é o reconhecido dia das mães, mas se pensarmos bem, nunca é tarde para prestarmos uma homenagem e aproveitarmos para refletir um pouco sobre o que é assumir a função materna. Assumir esta função não é fácil. Em meu consultório algumas clientes perguntam-me assustadas o que fazer para estimular o desenvolvimento de seus filhos diante de uma sociedade tão violenta e sem regras, como a que vivemos atualmente. Como disseminar o amor, a ética e a não-violência e ainda assim dar ferramentas para que o filho saiba se defender das atrocidades que vemos diariamente? Como desenvolver uma relação saudável na qual os limites estejam presentes sem despotismo?

A relação com o filho se estabelece desde a concepção. A vinculação mãe-bebê começa na relação durante a gravidez e se fortalece ainda mais após o nascimento. O olhar da mãe para o bebê, o carinho, o afeto que transmite para seu filho no toque, no acariciar, no alimentar são fundamentais para a formação da auto-estima daquele ser que inicia seu desenvolvimento. Os cuidados que a criança recebe são os pilares sobre os quais se formam a estruturação de seu psiquismo, de sua força para lidar com os estímulos da vida. E nesta estruturação inicial, o mais importante é a forma como as coisas são feitas e ditas. Tocar com delicadeza, falar com amor, olhar e perceber o ser que está a sua frente dizem mais do que mil palavras. É a forma, o modo como as coisas são feitas que comunicam para a criança nosso estado e nossa disponibilidade para com ela. E ela também comunicará seu estado a partir de sua forma de estar na relação com a mãe ou com seu cuidador.

Ser mãe é muito mais que um título, é uma das funções mais importantes, pois as crianças de hoje serão os adultos de amanhã, serão a sociedade de amanhã. Os valores, a estruturação das personalidades de nossas crianças, dependem diretamente do cuidado que recebem, das pessoas que participam de sua educação, do acolhimento de suas necessidades e do processo de lhes ensinar limites. A transmissão de valores tais como respeito a si e ao próximo, dignidade, integridade, sinceridade, dentre outros, depende da relação que se estabelece com esta criança e principalmente do exemplo que as pessoas deste “círculo maternante” (pessoas que cuidam da criança) transmitem a ela. Por isso ouvimos com freqüência que a chegada de um filho transforma muitas pessoas. Elas têm ainda mais estímulo para buscar ser pessoas melhores.

O autoconhecimento é fundamental para perceber como lidar melhor consigo, com as transformações que ocorrem nesta fase e com a criança. Se nos relacionamos bem conosco, teremos maior facilidade em estabelecer uma relação saudável com nossos filhos, onde o afeto, os limites, a disponibilidade será regida pelo conhecimento de nossos próprios limites a serem desvendados e transformados. Relação é transformação e a maternidade nada mais é do que um estímulo contínuo a nos olharmos para podermos olhar para o outro. Olhar e verdadeiramente ver, enxergar, transmitindo na relação o afeto e as ferramentas necessárias não apenas para viver neste mundo, mas principalmente, para torná-lo um mundo melhor, mais saudável e bom de se viver.
Parabéns às mães! Parabéns a todas que plantam sementes de um mundo melhor a partir de relacionamentos bem cuidados com seus filhos.

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